Do amor e seus demônios

Em tudo se vê a palavra amor,

mas quase ninguém fala de Amor.

Afinal, cartas de Amor são ridículas.

 

Tão ridículo, esse tal de Amor.

Nos faz perder o controle de tudo.

O controle que supomos crer que existe.

 

Não, o Amor não faz perder o controle.

Antes faz ruir mentiras.

 

Um pouquinho de verdade e já se cessam os diálogos.

Verdades são rudes. Acabam com os jogos.

 

Amor, esse labirinto onde já não sabemos mais o que é verdade ou projeção.

O que é Eu e o que é o Outro.

 

O Amor que sinto não é só meu.

Carrego comigo a ternura das moléculas que se apaixonaram e criaram a vida.

Os séculos e séculos de patriarcado e casamentos de violência e medo.

A amargura de minha vó.

 

Poucos ousam bater na porta do Amor.

Poucos ousam pular abismos.

Poucos ousam abraçar demônios,

a única maneira de criar asas.

 

As pessoas estão muito ocupadas para amar.

As pessoas estão muito distraídas para amar.

As pessoas estão muito ansiosas para amar.

 

O desafio do dar sem nada querer receber

enquanto o coração se estraçalha no peito.

 

O limite entre a generosidade e a auto-preservação.

 

Não posso dar o que já não tenho.

O sangue é rico. Mas acaba.

 

 

 

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3 Responses to “Do amor e seus demônios”

  1. Ana disse:

    Muito isso!

  2. Mari (mãe) disse:

    <3 <3 <3 <3

  3. Ana Carol disse:

    oin… nega… super acolho e compartilho!

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