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Insignificantes e sagrados ou A segunda versão do pecado original

domingo, julho 7th, 2013

“Esta vida é uma viagem pena eu estar só de passagem.”

Paulo Leminski

 


O terceiro monolito. Frame do filme 2001: A Space Odyssey.

Quero ler muitos livros, conversar com várias pessoas sobre várias coisas, conhecer muitos lugares, viver inúmeras experiências, ouvir milhares de músicas, fazer as conexões mais loucas dentro do meu consciente e inconsciente inseparáveis. Quero aprender astronomia, astrologias, agricultura, fazer tudo o que puder com cultura e comunicação, escrever de um todo e me transmutar sempre e mais. Quero me entregar a ritos ancestrais e me confrontar com ciências ocultas e tradições milenares. Quero conhecer várias maneiras de as pessoas viverem e se organizarem. Quero viver e me organizar de várias maneiras. Quero me libertar do relógio e da obrigação; da insegurança, da desconfiança, da auto-censura. Do medo e da culpa.

 

Alguns acham que eu não faço nada, passo a vida bem tranquila sem querer trabalhar.

Outros acham que estou sempre envolvida em mil projetos e mil viagens e mil sonhos e vontades.

Há ainda os que não se importam.

Todos eles estão certos.

 

Tantas e tantas ânsias que uma só vida vai ser pouco por demais.

Despertam o sonho da eternidade. Inveja de Deus?

 

As fascinantes versões da imortalidade, tediosa e maldita, de borges e beuvoir perdem seu sentido.

Não há maldição.

 

“Ouça, foi isso que aconteceu: eles mentiram, venderam-lhe ideias de bem & mal, infundiram-lhe a desconfiança de seu próprio corpo & a vergonha pela sua condição de profeta do caos, inventaram palavras de nojo para seu amor molecular, hipnotizaram-no com a falta de atenção, entediaram-no com a civilização & todas as suas emoções mesquinhas.”*

 

Desipnotizada, eu seria imortalmente encantada.

Onde não há condicionamento, não há tédio.

(mais…)

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