Posts Tagged ‘MST’

Viajeros – No caminho de volta ao lar

sexta-feira, setembro 23rd, 2011

Após aproximadamente um ano de viagem estou de volta a Blumenau, cidade onde nasci e vivi até os dezessete anos. É um estranho processo – voltar à casa onde morei por tanto tempo, rever meus pais, o clima e a vegetação que falam tanto de mim mesma. A palavra voltar não faz jus a essa experiência. Ao mesmo tempo em que tenho algumas características e padrões de comportamento que parecem ser eternos e sólidos como raízes, já não sou a mesma pessoa que entrou num ônibus para Assunção cerca de um ano atrás. O mesmo em relação às outras pessoas e lugares e aos dias. É sempre a mesma coisa, só que tudo diferente.

A última carona

Deixamos Porto Velho com o objetivo de pegar carona até Cuiabá; de lá eu seguiria para Teresina de Goiás, Thiago passaria por Campo Grande e depois me alcançaria em Goiás. O plano de carona não foi muito bem sucedido – em uma semana na estrada, acampando em postos de gasolina, só conseguimos uma carona longa, mas não o suficiente. Chegamos até Comodoro, no Mato Grosso, mais ou menos na metade do trajeto até Cuiabá. Nessas horas as economias são uma bênção. Decidimos nos separar ali mesmo, cada um seguindo de ônibus para o seu destino.

Anos depois, lembro do caminhoneiro que nos deu carona. Se não me engano o apelido dele era Tyson, e já tinha sido professor de alguma arte marcial. Ao entrar no caminhão ele pediu pra gente tirar os sapatos, falou que não era por mal e que já ficava como dica: o caminhão é como se fosse a casa do caminhoneiro. Ele ofereceu pagar rango pra gente, quando paramos pra descansar um pouco num boteco de estrada. Quase todos que nos deram carona, nas rodovias argentinas e brasileiras, ofereciam alguma coisa. Dessa vez não precisei aceitar, em outras foi a salvação. Ele contava histórias de namoradas, da família, da vida na estrada e de outros caminhoneiros. Falou muito da filha, e resolveu dar uma passada na sua casa, que era meio que no caminho, só para dar um abraço nela. Entramos na casa, tarde da noite, acho que a mãe dele que abriu o portão, alguém mais velho. Ele foi acordar a filha só para abraçá-la. Foi rápido, ele tinha que cumprir o prazo de entrega da carga. De volta ao caminhão, eu e Thiago capotamos – o caminhoneiro também estava cansado e deu uma indireta forte, que um dos motivos para dar carona era ter alguém para conversar e ajudar a tapear o sono. Endireitamos a coluna e nos esforçamos.

(mais…)

Share

Conversa com Aleida Guevara

quarta-feira, agosto 31st, 2011

Mulher, cubana, comunista. A filha de Ernesto “Che” Guevara seguiu a formação em medicina do pai e tornou-se pediatra. Aleida Guevara esteve na 10ª Jornada de Agroecologia, em Londrina, para contar sobre os êxitos e desafios da Revolução Cubana, assim como da necessidade de uma relação mais solidária entre os países latino americanos.

Confira abaixo a íntegra da entrevista concedida à equipe de comunicação do MST e à comunicação compartilhada da Jornada.

Transcrição: Michele Torinelli


Aleida Guevara na 10ª Jornada de Agroecologia. Imagem: Joka Madruga.

Agroecologia em Cuba

Só produzíamos açúcar, grandes quantidades de açúcar. Isso teve como consequência o desgaste de grandes extensões de terra em Cuba. Por sorte, nos demos conta a tempo. Diminuímos o uso de terras para plantar cana e consideramos que o açúcar em si não era tão importante: eram muito melhores os derivados do açúcar. Começamos a pensar como a cana de açúcar poderia ocupar menos espaço e produzir mais, com melhor qualidade, como resolver os problemas – 1º: cuidar dessa terra; 2º: buscar plantações que possam recuperar as terras esgotadas pelo monocultivo de cana; 3º: fazer rotatividade de cultivos, para que a terra se reestabeleça e mantenha sua fertilidade.

Foi um processo difícil, perdemos o primeiro lugar entre os produtores de açúcar do mundo, mas recuperamos nossa terra. Hoje Cuba produz açúcar, não tanto, mas em melhor qualidade, produz muitos outros produtos, e estamos preocupados em melhorar a produção dos pequenos agricultores. Havia franjas de terra do Estado, entre terras de pequenos agricultores, que não estavam sendo utilizadas: foram redistribuídas. Estamos ampliando a agricultura que respeita a terra. Utilizávamos muitos químicos também, era moda. Com a desaparição do campo socialista europeu, não tínhamos mais petróleo, portanto as máquinas agrícolas não podiam mais ser usadas. Sorte que não nos faltaram alternativas – nos demos conta que somente plantando pequenos cultivos rodeados de outros que os protegessem podíamos dispensar os químicos, que acabavam com a terra. Isso ajudou a recuperar o solo, melhorou a produção, a quantidade e a qualidade dos produtos.

Ainda falta, ainda é necessário recuperar terras em Cuba. A colonização acabou com nossos bosques, a Espanha nunca nos pagou um centavo por toda a madeira roubada, e nem vão pagar. Quando fui a Portugal, na biblioteca de uma das melhores universidades do mundo, me disseram que não precisam de químicos para proteger seus livros, porque as estantes são feitas com madeira muito especial, preciosa. E de onde pegaram essa madeira? Do Brasil! E quando vão pagar ao Brasil? Nunca! Não queremos dinheiro, queremos respeito. Queremos que comecem a negociar com nossos produtos com respeito, pagando-nos o que realmente valem. Isso que queremos e vamos conseguir, pouco a pouco.

Há muito o que aprender com o campesinato. E com as populações autóctones também. Cuba não tem essa sorte – praticamente toda a população originária foi massacrada. Mas o Brasil tem, a Bolívia tem, Equador, Venezuela. Agora, com essa unidade latino americana, a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), estamos aprendendo mais sobre nossas raízes culturais – a proteger melhor a terra, por exemplo. Quando se tira da terra uma cebola, a que horas? Os quéchuas tiram a cebola da terra entre as 4h e as 6h da manhã, porque nesse horário o sol ainda não incide sobre a terra e a cebola guarda suas substâncias – a cebola é muito rica em vitamina C. Temos que aprender a respeitar a terra, os cultivos, para saber quando podemos tirar o melhor para o ser humano respeitando a terra. Essas coisas podemos aprender do nosso passado, com nossos povos autóctones, usando a tecnologia, as novas técnicas, mas respeitando aqueles que souberam utilizar nossa terra durante séculos.

Mas às vezes é difícil convencer os campesinos, porque por muito tempo eles foram ensinados de outra forma, foram pressionados por transnacionais para produzir de determinada maneira. E agora se está dizendo “não, é melhor de outra forma”. É necessário convencê-los, e nunca se convence a uma gente impondo algo, mas mostrando como se faz melhor. Isso leva tempo.

Contribuição do MST e da Via Campesina na construção do socialismo na América Latina (mais…)

Share

Comunicação compartilhada: rádio ao vivo na Jornada

domingo, junho 26th, 2011

Veja mais no blog da comunicação compartilhada da 10ª Jornada de Agroecologia

Numa oficina improvisada de comunicação compartilhada, surgiu a Rádio Agroecologia em Movimento. O programa aconteceu ao vivo durante o intervalo de almoço de sexta (24), durante a 10ª Jornada de Agroecologia.

Teve poesia, entrevista, recado e até música ao vivo. Ê, trem bom! É a comunicação popular!

Share

Jornada de Agroecologia nas ruas de Londrina

domingo, junho 26th, 2011

Por Michele Torinelli

Marcha de abertura da X Jornada de Agroecologia

Londrina, 22 de junho de 2011

Confira a cobertura da Jornada aqui.

Share

Por uma sociedade mais feminina

domingo, maio 23rd, 2010

Michele Torinelli

de Francisco Beltrãoimg_4504

Seminário da Jornada de Agroecologia aborda questão de gênero

“Resistência não significa resistir ao que é novo. Resistência é permanecer com aquilo que é do nosso bem-viver, que nos garante a liberdade de vida”. Foi assim que Luciana Piovezan, coordenadora nacional do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), iniciou o seminário de gênero, uma entre as mais de quarenta atividades realizadas sexta-feira (21) na 9 ª Jornada de Agroecologia.

A partir de exemplos históricos da resistência feminina – Juçara, indígena que sobreviveu ao massacre do povo guarani no Rio Grande do Sul em 1729, e Aqualtune, princesa e guerreira africana que foi vendida como escrava para o Brasil e participou da fundação do quilombo dos Palmares – a coordenadora fez um balanço do processo histórico do patriarcado e da repressão da mulher.

Luciana explicou que grande parte das mulheres é responsável pela manutenção do cotidiano, da segurança e da soberania alimentar dos lares, dando sustentação à vida produtiva da sociedade. “70% desse trabalho, não remunerado, passa pela mão das mulheres”, indica. Na época da fundação, ao discutir qual nome assumiria, o MMC concluiu que o alimento é o que conecta as mulheres desde o sul ao norte do país, seja na etapa de cultivo ou preparo. Percebeu-se assim a profunda relação feminina com a agricultura, o alimento e a manutenção da família. “Entretanto, o trabalho da mulher é invisibilizado”, alerta.

Experiência agroecológica

Manoela Pereira, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e do Movimento dos Pequenos Agricultores, compartilhou sua experiência organizativa. “Há oito anos, mulheres da Via Campesina promovem um grande encontro no Dia Internacional da Mulher na região central do Paraná, de forma autônoma e itinerante”, conta Manoela.

Ela participa da Ceagro, escola de agroecologia e centro de desenvolvimento sustentável da região, onde mulheres atuam com plantas medicinais, produção agroecológica e comercialização de produtos. “Há necessidade de organizar cada vez mais os trabalhos e as iniciativas já presentes”, conclui.

Solidariedade e luta

A coordenadora do MMC apontou que a solidariedade, tão presente nas práticas femininas, é uma importante faceta do projeto de mudança social. “Ao sermos solidários, estamos indo contra um dos principais pilares do capitalismo: o individualismo”, acredita. De acordo com Luciana, o capitalismo não permite que a diversidade prevaleça – como ocorre nas práticas de monocultura – e gera a dominação, como a que se dá entre o homem e a mulher.

“Nós todos estarmos aqui em Francisco Beltrão, as mulheres estarem aqui, é um ato de resistência”, enfatizou Luciana. O MMC está articulado nacionalmente há cinco anos, e atua na construção de um projeto de agricultura camponesa ecológico, fundamentado na defesa da vida, na mudança das relações humanas e sociais e na conquista de direitos.

[…]

As mulheres organizadas
De fato representam perigo
Ainda mais quando o inimigo
É provocador e algoz
Por mais que seja feroz
Elas o esmagaram à mão.

Qual fúria de um furacão
Fizeram ouvir sua voz.
O que era gigante tombou
O que era valente não veio
O bicho era tão feio
Soltou bramidos de dor
E elas mostraram que o amor
À vida está acima de tudo
Mostraram elas pro mundo
O que se faz com o opressor!!!

Seu moço, eu nem sabia que sabia, de Isaura Isabel Conte

Poema inspirado na ocupação da Aracruz Celulose em 8 de março de 2006 – cerca de 2 mil mulheres da Via Campesina tomaram a fábrica com o objetivo de denunciar os estragos sociais e ambientais causados pelo monocultivo de eucaliptos.

Share

Agroecologia em contraposição ao agronegócio

quinta-feira, maio 20th, 2010

Texto e imagens por Michele Torinelli

de Francisco Beltrão

Debate com Plínio de Arruda Sampaio e Letícia Silva abre o segundo dia da Jornada de Agroecologia

painelepublico9c2aajornadadeagroecologiamicheletorinelli

O primeiro painel da 9ª Jornada de Agroecologia, que acontece em Francisco Beltrão (PR), denuncia o modelo do agronegócio e apresenta a agroecologia como alternativa sustentável. Com o auditório lotado, Plínio de Arruda Sampaio, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), indica logo ao que veio: explicar como o capital atua na agricultura. Já Letícia Silva, gerente de normatização e avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), apresentou um panorama do comércio de agrotóxicos no país.

O capitalismo é caracterizado pela propriedade privada e pela busca do lucro. Contudo, não necessariamente o que dá lucro é o que satisfaz as necessidades da sociedade. “A gente tem que entender como o capitalista pensa. A cabeça dele funciona assim: onde eu coloco meu dinheiro para obter mais capital?”, ilustra Sampaio.

Na agricultura, a lógica é a mesma. O objetivo é obter lucro, e o que mais rende para o agronegócio é a exportação. “Está dando mais lucro vender para fora”, resume o presidente da ABRA. A técnica utilizada é a monocultura, que segundo o painelista, não convive bem com a pequena propriedade. A agroecologia vem justamente contrapor essa concepção. Seu objetivo é produzir alimento de qualidade, respeitando o ambiente e o próximo.

Agronegócio: cultura de morte

“O capital na agricultura é muito perigoso – ele precisa ser controlado”, alerta Sampaio. Os dados são alarmantes. Seis empresas controlam 80% do mercado brasileiro de agrotóxicos, o maior mercado mundial do produto. Foram comercializados mais de 790 mil toneladas de agrotóxicos no país em 2009, de acordo com o relatório da ANVISA, considerando somente o peso dos componentes (sem os produtos aos quais são agregados). “Isso dá uma média de 3 kg por habitante”, esclarece Letícia Silva.

Segundo a gerente da ANVISA, o capital dessas empresas transnacionais é maior que o PIB da maioria dos países da ONU – só no Brasil elas obtiveram 6,8 bilhões de dólares em 2009. Comparando com dados de 2008, o país consumiu mais que o dobro de agrotóxicos no período. “O relatório acaba com a lenda de que a liberação dos trangênicos diminuiria o uso de agrotóxicos”, contesta Letícia.

Escoamento de veneno

Mais do que lucrar no Brasil, empresas como Monsanto, Syngenta e Bayer enviam para cá produtos que foram proibidos nos EUA e na Europa por motivo de saúde pública. Além disso, outros agrotóxicos que já não eram mais utilizados no Brasil voltaram à circulação, pois as pragas estão cada vez mais resistentes.

leticiasilvaeplinioarrudamicheletorinelli
Letícia Silva, da Anvisa, durante sua fala. Ao lado, Plínio de Arruda Sampaio

Letícia conta que foi aprovado na União Européia o “direito à informação”, obrigando o agricultor que utiliza agrotóxicos a informar aos vizinhos a quantidade utilizada e respeitar a distância necessária para impedir a contaminação. Já no Brasil, não existe regulamentação semelhante.

Além de causar danos ao ser humano, os agrotóxicos são uma ameaça ao ecossistema. “O aquífero Guarani pode ser afetado e não há ninguém monitorando isso”, denuncia a gerente. “Podemos estar contaminando a maior reserva de água doce do mundo”, complementa.

Mudança de modelo

Ao final de sua fala, Letícia cobrou da sociedade civil que pressione o poder público , que diga “queremos que a ANVISA cuide de nossa saúde e não fique liberando veneno”. Em relação à propriedade da terra, Sampaio acredita em uma lei que restrinja o agronegócio. “É que nem um boi bravo; tem que cercar. Isso até agente poder acabar com ele”, provoca.

Os painelistas apontaram os dois principais pontos de uma renovação no campo: desconcentração da propriedade da terra, por meio de uma reforma agrária, e mudança no modo de cultivo, trocando a monocultura pela agroecologia. “Gente, precisamos da ajuda de vocês”, disse Letícia, convocando as 3 mil pessoas presentes.

“Hoje nós dependemos desse modelo. Mas num país socialista, o que vai valer é ter o povo alimentado e a natureza em equilíbrio”, acredita Sampaio. O objetivo, além da justiça entre os homens, é cultivar uma relação de integração com o meio. “A terra é nossa mãe. Dela nós viemos e para ela nós vamos voltar. A agroecologia é a sabedoria da vida”, acrescenta.

Veja mais sobre a Jornada de Agroecologia aqui

Share

Nova ocupação rururbana de BH pede ajuda

quarta-feira, abril 15th, 2009

Recebi este email de um companheiro do MST de Minas Gerais, onde fiz o Estágio Interdisciplinar de Vivência em Áreas de Reforma Agrária em 2006, o qual me fez conhecer a luta autêntica do ser humano no seu direito primordial: a terra, que é nossa mãe, nossa base, nosso habitat natural. Direito esse, que injustamente, hoje está abaixo dos interesses privados. Há gente tentando mudar isso e que precisa de ajuda.

Um mar de barracos de lona

O que começou com cerca de 150 famílias, na madrugada do dia 09/04, já alcança hoje, na tarde do dia 11 a marca de 550 barracos cadastrados e numerados. Em alguns é possível encontrar famílias com dez ou quinze pessoas, dentre adultos, jovens e crianças. Ou seja, estima-se a presença de mais de duas mil pessoas na mais nova ocupação rururbana de Belo Horizonte.

Batizada de Dandara, em homenagem à companheira de Zumbi dos Palmares, a ação foi realizada conjuntamente pelo Fórum de Moradia do Barreiro, as Brigadas Populares e o MST. A ação faz parte do Abril Vermelho, em que se reforçam as lutas sociais pela função social da propriedade (previsto no inciso 23 do artigo 5º da Constituição Brasileira) e inaugura em Minas Gerais a aliança entre os atores da Reforma Agrária e da Reforma Urbana.

Neste sentido, a Dandara traz dois diferenciais. O primeiro é o perfil rururbano da ação, reivindicando um terreno de 40 mil metros quadrados no bairro Céu Azul, na periferia de Belo Horizonte. A idéia é pedir a divisão em lotes que ajudem a solucionar o passivo de moradia de Belo Horizonte, hoje avaliado em 100 mil unidades, das quais 80% são de famílias com ganhos abaixo de três salários mínimos. E também contribuir na geração de renda e na segurança alimentar, ao adotar-se um sistema de agricultura periurbana, em que cada lote destine uma área de terra possível de se tirar subsistência ou complemento de renda e alimentação saudável.

A enorme massificação da área pelas famílias da região foi surpresa para todos os militantes presentes, e ainda segue chegando gente, na luta de sair de áreas de risco ou de fugindo do aluguel impagável.

Histórico e Situação Atual

– A ocupação foi realizada na madrugada de 09/04/09 com 150 famílias, pelo Fórum de Moradia do Barreiro, Brigadas Populares e MST. O terreno tem 40 hectares e está abandonado desde a década de 70, além de acumular dívidas de impostos na casa de 18 milhões de reais. Veja link 2, 3 e 5 (no final da nota).

– Toda a imprensa cobriu o caso e está havendo grande repercussão pública em Belo Horizonte. As matérias de modo geral (exceto Globo) têm tratado com relativa isenção, e o Estado de Minas resolveu silenciar. A Record tem feito plantões permanentes atualizando os fatos e dado a melhor cobertura.

– Ao final do dia a polícia tentou despejar sem liminar de reintegração de posse, a mando da construtora que alega ser proprietária do terreno. Foram três horas de terror, com a investida de mais de 150 homens do batalhão de choque, que explodiram bombas, lançaram gás pimenta e destruíram dezenas de barracos com vôos rasantes de helicóptero.

– A comunidade, em apoio aos manifestantes, resolveu intervir, atirando pedras e enfrentando fisicamente a polícia, o que resultou em vários feridos e três presos.

– A polícia tem aproveitado o enorme efetivo deslocado para o local para enfrentar o tráfico de drogas da região, unificando o tratamento dado aos bandidos aos lutadores do povo que reivindicam moradia. Também tem atuado de forma arbitrária ao confinar os barracos em uma área restrita dentro do terreno, onde já não cabem mais pessoas, e proibindo a instalação de tendas de reuniões, banheiros e acesso à água e energia.

– Não param de chegar famílias para acampar. A última contagem numerou mais de 550 barracos e estima-se que isto corresponda a cerca de duas mil a cinco mil pessoas (entre adultos, jovens e crianças).

– Há intimidações da Construtora Modelo que se alega proprietária, que através de sua advogada pressionou a retirada das famílias ameaçando do uso de seu poder econômico e de relações escusas com o judiciário. Segundo a advogada, seu marido seria desembargador do TJMG. Mesmo assim o pedido de liminar foi negado pelo plantão do tribunal, o que demonstra a inconsistência dos argumentos da construtora.

– À medida em que se aglomeram mais pessoas aumentam os problemas de higiene e saúde, já que não há saneamento, nem acesso à água e energia. A noite todos ficam no escuro, ou à luz de velas e lamparinas, o que é um risco à segurança pela possibilidade de incêndio.

– A comunidade local segue apoiando, (veja link 4) e muitos moradores tem ajudado com comida, água, materiais de construção usados e outras coisas.

– Existe possibilidade iminente de sair um despejo no pleno do tribunal, a partir de segunda-feira, o que reforça a necessidade de ajuda à esta situação.

O QUE VOCÊ PODE FAZER?

Precisamos apoio:

Político: até agora somente um deputado esteve no local, e o poder público de modo geral tem se omitido, restando como interlocuor do Estado somente a Polícia Militar. Perguntamos se a mentalidade do Governo Aécio e do Prefeito Márcio Lacerda é de tratar os resultados da Crise Mundial, quando chegam aqui através do desemprego e da falta de moradia como caso de polícia. Pedimos a todos que enviem este correio e busquem em suas articulações o apoio necessário para assegurar a vitória desta luta justa.

Financeiro: a situação é muito precária!!! Falta água potável e alimentos, principalmente para as crianças, lona para as barracas, materiais diversos, pilhas e lanternas, velas, cobertores, colchões, etc.
Estamos coletando as contribuições no próprio local, na secretaria da Ocupação Dandara, perto da portaria, ou em dinheiro, por meio da conta poupança da CEF nº 204470-4 da agência 2333, op 013.

Militante: Precisamos de apoio dos militantes de Belo Horizonte, que estejam dispostos a ajudar a coordenar a ocupação, contribuindo nos corres externos e internos. A luta deve se intensificar nas semanas que vem, e a massificação também tem multiplicado as tarefas e demandas da luta. Precisamos apoio técnico nas áreas jurídica e de comunicação. Ainda não conseguimos uma aparelhagem ou carro de som para as Assembléias, que a medida que tem mais gente ficam difíceis de se fazer sem este recurso.

Maiores informações nos telefones 31 8815-4120/ 31 8531-3551.

LINKS IMPORTANTES:

LINK 2 – Vídeo produzido pela Caracol sobre a ocupação.

REPORTAGENS SOBRE A OCUPAÇÃO DANDARA:

LINK 3

LINK 4 (muito boa esta com depoimento de apoio dos vizinhos)

LINK 5

Visite o blog da ocupação Dandara.

Share