Para quem?

Casa de Cultura de Paraty, eu e os funcionários

Nos quadros que retratam a colonização,
somente nomes de pintores europeus

“Engraçado que é sempre os outros que contam a nossa história”, desabafei

… silêncio …

“Não tem arte indígena?”

“Ahn?”

“Arte indígena.”

“O quê??”

“A-r-t-e i-n-d-í-g-e-n-a!”

“Acho que tem uma peça de artesanato lá em cima.
Mas foram os espertos que contaram a história.
Os índios não tinham papel e pincel.”

Artesanato indígena
no chão das ruas

Arte branca
em galerias e museus

Pedras, igrejas
e casarões coloniais
Macaquinhos pulando
sobre telhados e quintais

Montanhas de Mata Atlântica,
porto e cachoeira
Paraty, mas não para aqueles
de pele amarela e negra

Paraty, gringo
Paraty, elite branca

Paraty

mas não para nós

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6 Responses to “Para quem?”

  1. Érico disse:

    eita pêga!!
    Como parati tem gringos!
    A cultura gringa daí já é demais!
    Muito bom!

  2. raphael elias disse:

    ola gostei muito do sarau em boiçucanga pois vejo que nao teve nenhum comentario ou fotos.

  3. projetocancion disse:

    olá raphael, q bom q gostou! em breve colocarei fotos do sarau em boiçucanga no blog da caminhada, que é o http://www.expediciondondemiras.blogspot.com

    Abraço!

  4. jandira costa disse:

    Paraty é para todos…
    sem essa de raças. Só existe o homem.Essa coisa de raças, pura criação de quem não tinha o que inventar.

  5. projetocancion disse:

    É, é triste que o homem tenha subjugado o outro devido à cor de pele, cultura e aos interesses. Mas de fato isso ocorreu, e não é a toa que a maioria dos ricos é branca e a maioria dos pobres é negra. e o indígena, o q restou a ele na nossa sociedade, após ter 90% de sua “raça” de nativos americanos assassinada no primeiro século de colonização? Nesse mesmo período a santa madre igreja católica discutia se os “índios” tinham alma…

    Acredito que é hipocrisia ignorar a história e o presente – o discurso de que só existe o homem, sem raças, contudo respeitando-se as diferenças culturais, é o ideal a ser conquistado, mas está longe de ser a realidade.

    Paraty deveria ser para todos de maneira igual, mas foram os índios que foram assassinados e expulsos e os escravos que construíram as ruas, pedra por pedra, e os casarões, enquanto o colonizador branco explorava a terra e sugava a vida alheia. A história não é algo distante, mas o embrião do hoje. A situação que descrevo no poema é o desenrolar desse processo histórico injusto, presente no nosso cotidiano.

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