Posts Tagged ‘caminhada cultural’

Donde Miras – Tenonde Porã

quinta-feira, julho 31st, 2008

Share

Donde Miras – No caminho do trem

terça-feira, julho 22nd, 2008

Share

Donde Miras – Urucum

quarta-feira, julho 16th, 2008

Share

Donde Miras – Questão guarani

quarta-feira, julho 16th, 2008

Ao passar por aldeias guaranis, algumas questões inevitavelmente vêm à tona. Eles vivem praticamente isolados, em territórios determinados e protegidos – uma grande prisão para que tenham a possibilidade de conservar sua cultura.

Os guaranis, nativos de grande parte do território brasileiro, foram mortos, escravizados, roubados e hoje vivem de cestas básicas do governo. Com valores completamente diversos daqueles vigentes em nossa sociedade capitalista, foram banidos desse tempo. Vivem à margem da sociedade, atrás de cercas, para que não tomem o pouco que lhes sobrou.

Menino na Aldeia Rio Branco, Itanhaém.

Martim Afonso, o primeiro escravagista do Brasil, é tido como herói e tem seu nome em ruas e instituições públicas. Já os índios mortos foram esquecidos. Pouco sabemos da cultura indígena. No dia do índio as crianças colocam cocares como o fariam com qualquer fantasia de carnaval. A sociedade “branca” nega suas origens.

Os jesuítas também têm seus nomes em ruas e são lembrados como nobres homens que trouxeram a palavra de Deus aos índios selvagens. Padre Anchieta conta com milhares de devotos. Mas que direito o homem branco tinha de trazer sua verdade como A Verdade? Que Deus é esse que priva o homem de sua cultura, de suas crenças, de sua vida? Ouvi uma história de um guarani que virou crente e chorava desesperadamente porque acreditava que todos os seus antepassados estavam no inferno.

Os guaranis nos mostraram sua receptividade, seu sorriso fácil, sua harmonia com a natureza e a capacidade física natural do homem, que o povo da urbes esqueceu sentado no sofá em frente à TV. Também nos mostraram as imensas dificuldades que enfrentam, a pobreza, o alcoolismo e a falta de identidade cultural daqueles que não são nem rurais nem urbanos, no limbo entre sua ancestralidade guarani e a civilização atual. A sociedade enterrou o índio, mas ele está vivo, sufocando. Seus gritos são ouvidos, vindos debaixo da terra. É hora de descavar.

Share

Donde Miras – Fazendo biju

quarta-feira, julho 16th, 2008

Share

Donde Miras guarani

quinta-feira, julho 10th, 2008

Percorrer a América Latina a pé promovendo a cultura. Esse é o objetivo da Expedición Donde Miras, um grupo de mais de 50 pessoas envolvidas direta ou indiretamente com arte. A expedição partiu no dia quatro de julho de São Paulo no segundo trecho de sua caminhada cultural, de São Paulo a Cananéia, contornando o litoral sul paulista. A primeira etapa ocorreu em janeiro deste ano e foi desde São Paulo até Curitiba pelo interior.

Aldeia Tenonde Porã.

O ponto de partida da segunda etapa foi a aldeia guarani Tenonde Porã, situada no bairro paulistano Parelheiros. O aspecto, porém, é de cidadezinha do interior – nem vestígios do ar da metrópole.
O grupo foi recebido com biju, mandioca, milho e batata doce, e recebeu a proteção guarani no ritual na Casa de Reza, entre dança, cantos e fumaça.

Milho na brasa.

A trilha
No dia seguinte, integrantes da aldeia guiaram a expedição numa trilha no meio da mata até a aldeia guarani Rio Branco, a trinta quilômetros de distância. Foram doze horas de caminhada passando por ruas de chão batido, trilho de trem e a decida da Serra do Mar em plena Mata Atlântica.

Trilho do trem.

A noite caiu e a trilha não acabava. Um grupo encontrou outra aldeia guarani na qual a maioria dos habitantes não fala português. As crianças se divertiram com os numerosos viajantes, apesar de não se comunicarem no mesmo idioma. Os adultos se mostraram mais cautelosos, mas permitiram que se acendesse uma fogueira até a chegada dos retardatários.

Com todos reunidos novamente, era hora de atravessar o rio, último obstáculo para chegar ao próximo destino, a aldeia Rio Branco, já no município de Itanhaém. O rio estava baixo. Uma corda foi estendida de ponta a ponta e, sob a luz das lanternas, os caminhantes cruzaram as águas e, exaustos, chegaram à aldeia. Apesar do cansaço, um breve sarau foi realizado à noite.

Integrantes da expedição descendo a serra.

Muitas dores nos pés, pernas e coluna – menos para os guaranis. Eles descem a serra correndo, demonstrando imensa intimidade com a mata nativa. Contaram que, em ritmo acelerado, realizam o mesmo percurso em quatro horas, um terço do tempo que levamos.

Dois de nossos guias guaranis.

A trilha percorrida integra o Peabirú, caminho guarani que permitia a comunicação entre diversas aldeias desde o Atlântico até o Pacífico, e posteriormente foi utilizado pelos jesuítas e bandeirantes. O Peabirú parte de São Vicente e passa por Paraguai, Argentina, Bolívia e Peru.

Share

Expedición Donde Miras

sexta-feira, junho 27th, 2008

Caminhar, conhecer e transformar. Esses são os objetivos da Expedición Donde Miras em sua Caminhada Cultural pela América Latina. A primeira etapa ocorreu em janeiro deste ano, partindo de São Paulo com destino a Curitiba. Foram percorridos mais de 500 quilômetros, com 20 cidades visitadas e 24 saraus realizados em praça pública.

Mais de trinta artistas participaram, compreendendo atores, cineastas, artistas plásticos, músicos, dançarinos, produtores culturais, poetas, educadores e fotógrafos. Em seus saraus realizaram diversas manifestações e oficinas – exibição de filmes, apresentações de música, dança e teatro, performances, exposições, recitais de poesia, lançamento de livros e possíveis manifestações espontâneas.

A segunda caravana partirá no dia cinco de julho do Bar do Binho, na zona sul de São Paulo. A primeira parada é a aldeia guarani Tenonde Porá e o trajeto passa por Santos, Peruíbe, Ilha Comprida, entre outras localidades, até chegar a Cananéia.

A próxima etapa da caminhada compõe-se de colunas que partem de cinco países diferentes para se encontrar em Assunção, capital paraguaia, e está em fase de captação de recursos.

Como surgiu
Binho e Serginho, poetas parceiros, sentiam imensa vontade de desbravar esse misterioso e selvagem continente chamado América Latina. Até aí tudo bem, nada demais. Mas por que a pé? Segundo Binho, para que se possa experimentar o máximo possível, sentir cada cheiro, “trocar experiências, ouvir, somar, vivenciar na carne e nos olhos o modo como esses outros povos vivem, se organizam, se manifestam, quais rituais congregam, o modo como ocupam e como convivem com a terra e as relações humanas decorrentes dessas formas”.

Parte dos recursos são obtidos através da venda do livro Dois poetas e um caminho, de autoria de Sérgio e Binho, junto com a venda de camisetas estilizadas e do apoio de parte dos municípios visitados. Qualquer contribuição é bem-vinda, assim como a participação de todos.

Blog da Expedición: www.expediciondondemiras.blogspot.com

Share