Posts Tagged ‘cultura’

OSGEMEOS e Blu em Lisboa

domingo, junho 5th, 2011

Lugar de arte é nas ruas! OSGEMEOS e Blu invadiram o centro de Lisboa com cores, sonhos e provocações.

Mas tem paineis não-identificados aí. Me ajuda?

Lisboa, março de 2011.


De quem será esse?


Em pleno centro de Lisboa


Blu

Sam3


Blu?

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Viajeros – Percepções culturais

segunda-feira, dezembro 20th, 2010

 

O que é cultura? Essa pergunta sempre surge quando queremos organizar as percepções culturais em nossos arquivos cerebrais. Mas talvez o inconsciente saiba a resposta para esta pergunta, ou ainda, nem se preocupe com ela. Ele simplesmente sente, vive, assimila ou não, faz associações com nossas experiências anteriores, nossa carga emocional, de uma maneira que vai além de nossas concepções racionais. Mas somos viciados nas palavras, nos conceitos. E através deles nos comunicamos. Por isso, me propus a transmitir minhas recentes sensações culturais em palavras, por mais limitadas que estas sejam.

(mais…)

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Conselho! Cultura!

sexta-feira, setembro 17th, 2010

Ato Pró-Conselho Estadual de Cultura tomou o centro de Curitiba nesta quinta, 16 de setembro.

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Participaram bonequeiros, atores, cineastas, músicos, dançarinos, fotógrafos, artistas plásticos, militantes da cultura e cidadãos sensibilizados.

Os grupos Voa Voa Maracatu Brincante e Estrela do Sul ditaram o ritmo.

Saiba mais e confira outras imagens aqui.

E veja mais imagens ainda aqui.

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Viajeros – Vilarejo

domingo, agosto 22nd, 2010

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Sítio Arco-íris. O por do sol daqui é lindo – nuvens de algodão doce de Rondônia amareladas e rosadas. O fiel súdito vento anuncia a chuva, dando uma noção prévia do seu poder, trazendo consigo nuvens densas e promessas de vida. Ela, a Majestade, vem pelo lago – do outro lado as árvores já estão envoltas numa espécie de névoa aquática. Quando todos estão preparados para recebê-la, a chuva chega – momento de paz e quietude.

Porto Velho estava um saco. A paradoxal cidade amazônica onde não há árvores. Muito trabalho, pouco dinheiro. No auge do tédio, escrevi um poema-desabafo:

O tédio me envolve
com paredes de azulejos brancos,
conversa de novela vindo da sala de um hotel barato,
vestígio de goteira,
cheiro de mofo.

O tédio amarra meus pés e mãos na cama,
hipnotiza minha cabeça para achar tudo um saco.

Porto velho, novo, morto e eterno.
Eterno tédio que se faz vapor,
calor, gotas de suor.

Calypso infernal amolece minhas pernas,
aborta a sede do novo,
me tranca num quarto com as mãos nos ouvidos.

O tédio me tece um ninho, me faz cafuné,
minha musa, meu carrasco,
meu bicho de pé.

Até que um dia, enquanto trabalhávamos, um menino veio falar conosco. O nome dele era Alan, disse que vivia num sítio e que seríamos muito bem-vindos lá. A história é a seguinte: Jackson, um cara que já foi artesão-viajante e percorreu muita estrada, sempre buscou algo, estudou várias religiões e linhas esotéricas, até que decidiu morar num sítio, primeiramente sozinho. internet3Depois de uns anos sua mulher, Cláudia, e seus filhos, que viviam na cidade, também foram para lá. Eles se sustentam com a cerâmica e os tapetes que produzem, e recebem quem quer que seja, é só contribuir com comida, colaborar nos afazeres e respeitar a harmonia do lugar. Também vivem lá o acreano Leandro, a argentina Veronica e Valéria, irmã de Cláudia. Há quatro ou cinco dias Valéria deu à luz a uma criança linda, o Ba’aruda, que trouxe mais alegria e paz ao sítio.

Nasce Ba’aruda

O Santo Daime

O pessoal do sítio freqüenta uma igreja do Santo Daime. Trata-se de uma corrente cristã que utiliza em seus rituais uma bebida elaborada a partir de plantas que altera a consciência e que, segundo Jackson, desbloqueia um mecanismo de censura do nosso cérebro. Essa bebida é conhecida no Peru e na Bolívia como ayahuasca, parte de uma tradição indígena, usada até hoje em rituais de auto-conhecimento e purificação física e espiritual. A bebida foi legalizada no Brasil depois de estudos comprovando que ela não oferece riscos à saúde.

“Sabe aquela sujeirinha debaixo do tapete, que só você sabe que tá lá? Vem tudo à tona”, me disse um maluco brasileiro no Peru sobre a experiência com o ayahuasca. Jackson e Alan dizem que o Daime aponta um caminho, faz compreender os processos que ocorrem na vida e leva além desse mundo físico espacial-temporal que conhecemos.

Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, a igreja do Santo Daime é bem careta – eles usam farda, uma roupa cerimonial que mais parece roupa social, e os homens têm que estar com cabelo cortado e barba feita. Nas cerimônias eles cantam os hinos, que falam de Deus, do Daime, do Mestre Irineu – o fundador do Santo Daime -, entre outras coisas.

O Daime é feito do jagube, que é plantado por membros da igreja, num processo de muito cuidado desde o plantio até a preparação. Os fardados elaboram a bebida na cerimônia do feitio.

Retiro espiritual

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Valéria nos últimos dias de gravidez

Aqui no sítio encontrei sossego, pessoas tranqüilas que trilham um caminho de aperfeiçoamento e ar puro. É um lugar lindo, repleto de árvores, às margens de um lago. O único infortúnio foi o desenvolvimento de uma doença no meu pé. Uma bactéria, o estafilocócus, se instalou em feridas de picada de insetos, creio que no fétido hotel em Porto Velho. Thiago também está infectado, mas em menor proporção. Aprendi a usar a necessidade de não poder me movimentar muito a meu favor aproveitando para ler, pensar e aprender bastante.

Depois de quinze dias tentando tratar minhas feridas de forma natural, o que exigia toda uma rotina diária de cuidados, me rendi à alopatia: tomei um “pics” de benzetacil no bumbum. Agora é esperar melhorar e seguir caminho – a estrada chama.

 

Esse texto faz parte do livro Viajeros, que foi publicado em posts nesse blog.

Veja o próximo post.

Veja o post anterior.

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A Flor e a Náusea

quinta-feira, agosto 19th, 2010

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.

O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Uma flor nasceu na rua!

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade

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Do portão da casa

segunda-feira, agosto 2nd, 2010

Abri o portão
O coração rangeu.
Rangeu
dentro de mim
e eu sorri
como um lavrador sorri
com seu rosto de terra
e a boca rasgada de riso
diante da terra lavrada.

Abri o portão partido. Partiu-me
em dois horizontes.
Em dois gomos de um fruto fugaz.
Igual e desigual.

Abri o portão da minha casa.
E a ferrugem (ou seria orvalho?)
desatou o nó da palavra
pendurada por um fio
no fundo da garganta.

Abri o portão da casa de minha infância.
Mapa dobrado dentro de mim
desdobrado,
mapa mudo
onde afundei
em areia movediça
palavra por palavra.

Abri o portão da casa.
A boca do jardim, a travessia
do mundo.
O tempo fendeu
dentro e fora de onde vim
e espatifou as asas de papel
que vesti em mim.

Manchei roupa, amor e ávidos tatos
em polpa de fruto proibido.

Puiu-se a pele nova na vivência,
no corpo dividido.
Entre sonhos, frêmitos, tristuras
e o real vivido.

Pois ainda que sonhe o tempo todo
ter o tempo de encontrar a verdade
em minhas mãos,
nada sei de mim
além de fotografias estampadas no jornal.
E pouca coisa mais saberei
ainda que acredite o contrário a cada instante
e que meu campo de batalha comigo mesmo
dure a vida inteira deste sonho
como dura o sonho a vida inteira
e, muitas vezes, se projete
além do horizonte aberto
do portão,
pouco mais ou nada mais
saberei.

A caixa vazia
de um velho relógio colonial
desliza sobre as águas do rio Itajaí-Açu
entre a lua cheia partida
e a nuvem veloz.

E todas estas palavras
e outras tantas nem escritas nem ditas
(esfacelada luz de uma estrela sem face nem foice)
fazem parte da minha biografia transparente.
Nada menos
nada mais.

Lindolf Bell, poeta catarinense pouco conhecido fora de suas terras, apesar de sua densa obra.

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Viajeros – As ruínas de Ollantaytambo

quarta-feira, maio 5th, 2010

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Ollantaytambo é uma cidadezinha ainda não tão parasitada pela exploração turística. Os moradores preservam a capacidade de ver os viajantes como pessoas, não somente como alvos de bolsos cheios. As ruas e muros mantêm as estruturas de pedra originais do período incaico e pré-incaico. As construções pré-incaicas eram feitas de pedra e barro, utilizado como rejunte. Já as incaicas utilizavam somente pedras. As ruínas rodeiam a cidade, e algumas podem ser visitadas de graça.

Tá, mas eu vou falar a verdade. Fomos ao celeiro incaico, no alto de uma montanha – onde não é preciso pagar entrada – e tentamos entrar sorrateiramente (mais uma vez, após o fracasso em Machu Picchu) na ruína principal da cidade. O preço era mais acessível que o de Machu Picchu, mas mesmo assim resolvemos nos lançar à sorte. Dessa vez, nada de planos mirabolantes, trilhas secretas e escaladas de muro. Foi quase que obra do acaso: estávamos andando quando vimos um riachinho ao lado das ruínas. Bastava pular e ploft, lá se estava no sítio arqueológico. Fácil demais…

Visita guiada

O vigia percebeu que não havíamos chegado pela entrada: nossas vestes de andarilhos nos denunciavam – brilhávamos em meio às tradicionais roupas bege dos turistas. E lá veio ele falar conosco. Thiago, que desenvolveu uma polida cara de pau durante a viagem, perguntou se não havia nenhuma maneira de resolver a situação e ofereceu vinte pesos ao sujeito. Ele não só aceitou como resolveu fazer o pagamento valer cada centavo: foi nos guiando pelas ruínas.

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As construções incaicas impressionam pela inteligência e funcionalidade – entretanto, sempre com um toque de mistério. As pedras, algumas enormes, eram levadas ao alto das montanhas por um sistema de rolamento e rampas. Os incaicos as cortavam de maneira que encaixassem perfeitamente, sendo inclusive à prova de terremotos.

Chegamos ao surpreendente calendário solar. No solsístio de inverno, os raios de sol, que passam primeiramente pelo “perfil do Inca” talhado na outra montanha, batem perfeitamente na marca esculpida no painel de pedra, onde também está representada a trilogia sagrada da cultura incaica – o condor, o puma e a serpente. O condor representa o mundo superior, a espiritualidade; o puma corresponde ao mundo terreno; a serpente simboliza o mundo subterrâneo, o lugar dos mortos. Tudo isso soubemos por meio das histórias de nosso dedicado guia.

No solsístio de inverno, data apontada pelo calendário solar, é comemorado o Inti Raymi, dia do Pai Sol. Esse dia representa o fim de um ciclo, que corresponde ao período das colheitas, e o início de outro, com a aproximação diária do Pai Sol, que retorna à Terra. É a principal festa do calendário incaico.

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Na hora da despedida, o guia nos apresentou a tuna, a fruta do cacto. Bateu em duas delas com um pano, para derrubar seus microscópicos espinhos, e entregou-as a mim e a Thiago. Docinha e suculenta – irônico que venha de uma planta tão árida.

O equilíbrio entre o macro e o microcosmo

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Há muitas histórias sobre o lugar, a origem de seu nome, a invasão espanhola, mas o que mais valeu à pena foi sentir um pouco de uma sociedade de valores e costumes tão diferentes dos nossos.

Não creio no idealismo embasbacado: há trechos conflituosos nas histórias daqueles tempos, repletos de autoritarismo, disputas e derramamento de sangue. Mas havia uma diferença primordial: o ser humano e a natureza eram tidos como parte de um todo e a tecnologia não obstruía o equilibrío universal.

 

Esse texto faz parte do livro Viajeros, que foi publicado em posts nesse blog.

Veja o post anterior.

Veja o próximo.

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Arquivo Donde Miras – Sarau em São Vicente

segunda-feira, abril 19th, 2010

Sarau do segundo trecho da Expedición Donde Miras, de São Paulo a Cananéia.

Poesia, música e debate sobre cultura e políticas culturais no município.

São Vicente, julho de 2008. Em preto e branco, película.

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Veja mais sobre a Expedición Donde Miras – Caminhada Cultural da América Latina em http://expediciondondemiras.blogspot.com

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Pedra Branca no encerramento do Festival de Cultura do Paraná

segunda-feira, novembro 30th, 2009

http://cc.nosdarede.org.br/2009/11/30/pedra-branca-no-encerramento-do-festival-de-cultura-do-parana/

Grupo juntou centenas de pessoas na noite do encerramento oficial do Festival de Cultura do Paraná.

Praça Santos Andrade, 21 de novembro de 2009, Curitiba.

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Livra o nome de inúteis sons

segunda-feira, outubro 26th, 2009

Livra o nome
de inúteis sons
de letras a mais
ou a menos

Livra o destino
do nome gravado
Do nome escrito
em areia do tempo,
no imutável tempo
do nome

Livra a alma
de escudos, estrelas demais
De tudo supérfluo,
de toda superfície,
do aluamento do ser

Livra a liberdade
de todo lastro
De qualquer lustro
De vocábulos insólitos, grandiloqüentes,
feitos de nada,
vocábulos de enfeite, confeitos

Livra-te do palmo de terra
que te cabe
De panfletos do sentimentalismo
Dos improvisos da paixão

Livra-te de ti
antes de tudo
Livra-te a fio de navalha
Livra-te a fio de idéia
que da dor faz palha

Livra-te de idéias fixas
Porque a dor alheia
também é nossa

Lindolf Bell

Poeta catarinense, pouco conhecido fora de suas terras, apesar de sua densa obra. O primeiro de alguns poemas dele que disponibilizarei aqui.

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