Fulvio – meu amigo de couchsurfing – me levou pra sua cidade natal, Sondrio, a umas duas horas de Milão.
Abril de 2011. Filme. Qual não interessa, rs.
– clique em cima pra ver como slide
Tá, vou continuar a contar a história dessa viagem. É minha terapia, no mínimo. E algo me diz que eu só vou conseguir pintar um quadro do que vivi na minha cabeça depois que eu contar essa saga todinha.
Então senta que lá vem história.
Depois de nossa memorável viagem de carnaval, passei alguns dias em Lisboa na casa da Roberta. Li Levantado do Chão, do Saramago, e me toquei que toda essa luta portuguesa, a esperança contra a opressão do latifúndio, é irmã da que existe no Brasil. Nem tão impecável é a história da Europa… Aliás, nem um pouco. E é tudo tão recente. A ditadura de Salazar foi até 1974! Tivemos duas guerras mundias sobre suas terras, totalitarismos, intolerâncias, perseguições. Isso sem falar nos séculos anteriores. Como podemos ter essa miragem de estabilidade da Europa?
Há muitos problemas que são problemas da humanidade toda. Como esse: “Emprestam-te uma espingarda, mas nunca te disseram que a apontastes ao latifúndio, toda tua instrução de mira e fogo está virada contra o teu lado, é para o teu próprio e enganado coração que olha o buraco do cano da tua arma, não percebes nada do que fazes e um dia dão-te voz de atirar, e matas-te”. Assim conta Saramago. Não é igual por toda parte? (mais…)
Lugar de arte é nas ruas! OSGEMEOS e Blu invadiram o centro de Lisboa com cores, sonhos e provocações.
Mas tem paineis não-identificados aí. Me ajuda?
Lisboa, março de 2011.
Sam3
Sugestão de trilha sonora para leitura do post 1
De Barcelona, Carla e eu pegamos um voo para Lisboa. Lá encontramos Roberta, que há cerca de um semestre foi cursar mestrado em Economia Política nessas terras lusas. Depois de vários meses, as três amigas de Curitiba se encontravam novamente. Era véspera de carnaval, e uma odisseia se desenhava.
O plano original, esboçado em dezenas de emails, era alugarmos um carro para ir até o Marrocos, passando pelo sul da Espanha – carnaval no deserto. Mas com os acontecimentos políticos no norte da África, as pessoas começaram a apavorar a gente, principalmente porque seríamos três mulheres num país conhecido por sua cultura machista, onde um conflito generalizado poderia acontecer a qualquer momento. Eu e Roberta ainda cogitávamos ir logo após o carnaval – não seria nem um pouco mal vivenciar esse momento de transformação no mundo árabe, mas… pelo receio, pela distância, pela grana, pelo tempo… ficou para a próxima.
Carnaval na Europa?
Marrocos descartado, ainda faltava definir nosso roteiro. Estávamos nós e o mapa, e uma infinidade de possibilidades se desenhava. “Opa, vai ter show do Gogol Bordello aqui em Lisboa”, exclamou Roberta, que estava no computador. Com o entusiasmo geral, ela foi pesquisar em qual dia: 7 de março, segunda de carnaval. Foi assim que resolvemos enxugar nossa viagem definitivamente: saída de Lisboa e chegada a Sevilha na quinta, dia 03. Sexta, Granada. Sábado a segunda, Cádiz, que tem a fama de sediar um dos carnavais mais animados da Espanha. Segunda à noite deveríamos estar de volta a Lisboa, para o show do Gogol Bordello.
O detalhe é que Carla e eu chegamos na noite de 02 de março em Lisboa (aliás, recepcionadas por um delicioso “bacalhau com natas” feito por Bruno, colega de apartamento da Roberta que estuda gastronomia). Ou seja, no dia seguinte já tínhamos que partir. Roberta foi pra aula, eu fiquei responsável por comprar os ingressos pro show e fazer almojanta, a Carla foi atrás do aluguel do carro e dos hostels. Meio corrido mas deu certo, na noite de quinta estávamos na autopista de Portugal rumo a Sevilha.
Posto de gasolina self-service: o primeiro desafio. Como faz?