*Estava procurando uns textos sobre o imaginário incaico. Não achei, mas encontrei esses poemas, pra minha surpresa (como Amelie Poulin, que encontra o esquecido e antigo tesouro de uma criança e possibilita o emocionante encontro de um homem com a sua infância). Não, esses poemas não são da minha infância – escrevi-os durante a faculdade, com aquele sentimento de que “alguma coisa está fora da ordem”… Aí vai o primeiro (não estão em ordem cronológica – em verdade, estão rabiscados em folhas soltas. Emocionante. Pedaçinhos de um eu que, em sua totalidade, já não existe mais).
Apocalíptico
Perdão,
eu não vou mais dançar essa dança,
esse ritmo é sério demais.
Perdão,
mas eu quero viver no meu ritmo,
porque escondido no meu íntimo
estou sofrendo demais.
Com meus sonhos inconcretos
fico preso entre os muros de concreto,
com minhas asas enroscadas no cimento
eu não consigo lutar.
Um dia a cidade há de cair
e os sonhos vão se libertar.