sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Caron e suas Crônicas

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O fotógrafo Daniel Caron está com a exposição “Crônicas Curitibanas” no espaço cultural das Livrarias Curitiba do shopping Estação. O lançamento foi no dia primeiro e a exposição continua até o dia 28. Vale a pena conferir. Dá-lhe Caron!

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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Donde Miras – Pelada

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Cananéia, julho de 2008.


Goleira

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Reduto

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São Paulo, julho de 2008.

Em plena região central da capital paulista, redutos verdes surpreendem os que encaram São Paulo como uma monótona selva de pedra. Caminhando pela cidade encontrei verdadeiros bosques em meio ao cimento, surpreendendo com seu frescor e cheiro de mata. Esse é o parque Água Branca, no bairro Perdizes.

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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Eclipse

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Museu Oscar Niemeyer, agosto de 2008.

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Quetzacoalt

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//www.elfwood.com/art

Quetzalcoatl – arte de Marcos Ortega – http://www.elfwood.com/art

Há uma serpente que rasteja
dentro de mim
a qual renego e acaricio
alternando culpa e orgulho
pureza e escárnio.

Meiga má menina mulher
velha ranzinza suas manias e suas pragas
— sou todas e sou nenhuma.

Sou negra cafusa índia
branquela azeda.
Meu sangue azul vermelho
sangue nenhum
minhas veias estão vazias
esvaíram-se em versos.

Sai poesia, sai a passear
leva contigo minhas tristezas
que já não as quero mais.
Leva contigo minhas maldades
minhas mesquinhas perversidades
carrega meu ego insaciável
e dai-lhe de beber.

E me deixe aqui sozinha
sem mim
porque longe de mim
eu posso criar asas
ser serpente emplumada
ser da terra que tudo vê.

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sábado, 23 de agosto de 2008

Onde?

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Eles adoram esse enquadre… Mari e Amatuzzi, agosto de 2008.

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sábado, 23 de agosto de 2008

Detalhes

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Bosque dos Cachorros, agosto de 2008.

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Viajeros – Admirável Mundo Novo

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Aproveitando a passagem pela província de Córdoba, fomos à casa onde Che Guevara passou sua infância, transformada em museu. A casa se localiza em Alta Gracia, a cinquenta minutos de ônibus da capital da província.

Pudemos conhecer a história do menino e adolescente que viria a tornar-se o homem-mito, símbolo da luta por justiça e igualdade, e sua posterior trajetória como guerrilheiro e líder político. Sua dedicação aos seus ideais é memóravel. Um homem que na conduta privada e social seguia seus princípios, que dedicou a vida à construção de uma sociedade que não diferencia pobres e ricos, brancos e negros, homens e mulheres, e que acreditava que a luta armada era a única maneira de mudar o sistema opressor. Abdicou dos prazeres que sua condição social oferecia, da convivência com sua família, tudo na tentativa de concretizar o que achava ser o melhor para a humanidade.

“Sejam capazes de se indignar cada vez que virem uma injustiça”, escreveu Che Guevara aos seus filhos. Mas não queremos ver. Convivemos com crianças revirando lixo em busca de comida e desviamos o olhar. Selecionamos o que convém à estabilidade de nossos mundinhos de ilusão e consumo. Nos empilheiramos em grandes centros, cedemos à massificação, à desumanização e ao tratamento impessoal da civilização moderna. Fazemos dos meios os fins. O dinheiro deixa de ser uma ferramenta, passa a ser um objetivo em si mesmo, o maior e incontestável valor humano. Somos incapazes de conversar com os moradores de rua, de oferecer-lhes um pedaço de pão. Transformamos solidariedade e amor ao próximo em palavras vagas, esvaziadas de seu verdadeiro significado.

Somos egoístas. Competitivos. Capitalistas. “Que vença o melhor”, esse é o lema de nossa sociedade. Mas a maioria nem tem a oportunidade de desenvolver seu melhor, é explorada em subempregos, desempregada, sobrevive nas condições mais precárias de vida, excluída de infraestrutura e tecnologia.

Tenho vergonha do que a humanidade se tornou. Bando de selvagens egoístas, isso que somos. Temos medo. Queremos poder, conforto e prazer. Não dialogamos, trocamos frases mecânicas que não dizem nada. Conveniência social, bons modos. Desumanização. Escondemos o que temos de mais rico, de mais espontâneo e único atrás de frases feitas. Nossos olhos estão presos aos nossos umbigos. E assim, insistentemente, seguimos.

 

Esse texto faz parte do livro Viajeros, que foi publicado em posts nesse blog.

Veja o post anterior.

Veja o próximo.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Donde Miras – Jo ana

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Cananéia, julho de 2008.

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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Viajeros – Vida de mochileiro

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Em Resistencia, capital da província do Chaco, empreendemos nossa primeira tentativa de vender artesanato. Até então estávamos produzindo para juntar quantidade suficiente para expor. Paramos numa esquina movimentada, estendemos nosso pano, colocamos os colares e malabares e timidamente cumprimentávamos as pessoas que dirigiam alguma atenção ao nosso trabalho. Fizemos isso uns dois ou três dias, por cerca de duas horas. Não vendemos nada.

Nos alojamos no Parque Municipal e Camping Dos de Febrero. Lá conhecemos três artesãos – Keko e Andrés de Córdoba e a chilena Maribel. Eles nos falaram da Festa do Dourado, que iria acontecer em Isla de Cerrito no fim de semana, com a promessa de que lá seria bom para vender artesanato.


Festival em Isla de Cerrito. A bandeira do Brasil, nosso mostruário.

Isla de Cerrito é uma cidadezinha do interior, a 60 km de Resistencia. A Festa do Dourado é o grande acontecimento da cidade. Chegamos lá no dia 31 de agosto, uma quinta-feira. A festa iria de sexta a domingo. Durante todo o festival vendemos um colar. Cinco pesos, equivalente a cerca de três reais. Conhecemos vários artesãos de diversas partes do país. Uma vida simples, porém livre. Eles percorrem a Argentina vendendo seu trabalho e conhecendo gente. “É uma vida boa, para quem não é materialista”, me disse Santiago, um dos artesãos que conheci. Vivem com pouco e dividem o pouco que têm. Desprezam o luxo, amam a liberdade.


Artesãos malabaristas na Festa do Dourado.

De volta à estrada
Segunda-feira nos despedimos de nossos novos amigos. Pegamos o ônibus até Resistencia para pedir carona mais uma vez, com destino a Córdoba. Já era final de tarde; junto com a noite se aproximava a possibilidade de dormirmos mais uma vez na loja de conveniência do posto de gasolina, o mesmo onde tínhamos passado a noite há cerca de uma semana atrás depois de um dia inteiro pedindo carona sem sucesso. Quando já estávamos na expectativa de mais uma noite mal dormida, um caminhão que transportava gado parou. Impossível descrever a sensação de alívio que esse momento propicia.

Histórias de caminhoneiro
Marcelo era seu nome. Seu caminhão era bem equipado, moderno. Não parecia querer muita conversa. Entretinha-se com seus dois celulares, fazendo ligações e mandando mensagens. Tentei puxar assunto, mas ele não respondeu. Não sei se não me ouviu ou simplesmente me ignorou. De qualquer maneira, entendi o recado e fiquei na minha.

Uma foto pendurada chamava a atenção – uma linda mulher de tranças loiras e olhos claros. Devia ser alguma modelo ou atriz famosa, pensei. Até que ele nos perguntou: “Quantos anos vocês acham que ela tem?”. Chutamos uns vinte e poucos. “Ela tem dezoito anos, é a filha do meu patrão”, disse ele.

Eles se conheceram há três anos pela internet. Foram conversando sem saber suas identidades. Um dia ela comentou que seu pai era dono de uma empresa de caminhões – a empresa onde Marcelo trabalhava. Eles passaram a se encontrar e ela demonstrou interesse por ele. Ela tinha só quinze anos e era filha de seu patrão. Ela era rica, ele pobre. Marcelo sabia que isso traria problemas e tentou evitar o romance. Mas ela era tão linda…

Namoraram uns cinco meses escondidos. Como era inevitável, um dia ele foi falar com os pais dela, os seus patrões. “Eu estou com um problema amoroso”, disse ele. “Qual problema?”, perguntou a mãe. “É com sua filha, esse é o problema”, respondeu Marcelo. Os pais dela disseram que isso não era um problema. Disseram que ele era honesto, trabalhador, isso que importava. Eles mesmos já tinham sido pobres e aceitaram bem o romance da filha com o empregado.

Faz três anos que eles estão juntos. Ela lhe deu um carro e um caminhão novo, mas ele diz que isso não interessa, quem tem dinheiro é ela, ele continua pobre. E continua a tratar seu patrão da mesma maneira enquanto trabalha, mantendo o relacionamento patrão-empregado. Fora da empresa ele é seu genro, mas continua sendo seu chefe. Ela quer casar, diz ele que não tem pressa. E passou toda a viagem falando de sua namorada.

Nos deixou na cidade de Sé Pereira, em Santa Fé, perto da província de Córdoba. Confesso que em alguns momentos desconfiei do conto de fadas do rapaz. Talvez aquela foto fosse de uma modelo famosa e todo o resto, fantasia. Talvez.

Eram sete horas da manhã. Lindo nascer do dia. Fazia muito frio, o capim estava congelado. Paramos na saída da cidade, logo depois de um cruzamento com uma linha de trem – os carros eram obrigados a baixar a velocidade, impossível nos ignorar. Cerca de duas horas depois um caminhão parou. Horácio, o motorista, disse que podia nos deixar uns 100 km mais para frente. Aceitamos a carona.

O relevo sempre plano. Plantações de soja e trigo. Pasto. Ele, que tinha idade para ser meu pai, foi nos falando do problema da concentração de terra, dos grandes latifúndios, do mal que fazem os agrotóxicos, das diferenças regionais do país. O norte é a região mais pobre e a maior parte da riqueza do país se concentra em Buenos Aires.

Ele nos deixou na entrada de uma cidade. Almoçamos pão com queijo, especialidades argentinas, e seguimos nosso caminho. Tínhamos que andar até a saída da cidade e voltar à rodovia que leva a Córdoba. Caminhamos em torno de 7 km com as mochilas nas costas. Chegamos exaustos e o sol, mais uma vez, estava próximo de se por. Paramos perto de um posto – nosso abrigo, caso não conseguíssemos carona.

Mal levantamos o dedo e um caminhão parou. Walter era o nome do motorista. Estava indo para Córdoba. Muito simpático desde o início, nos ajudou a botar as mochilas na traseira do caminhão. Nos ofereceu mate e bolachas, mostrou a foto de seus filhos e nos contou um pouco da sua história.

Filho de italiano, sustenta sua família com o seu trabalho. Um de seus irmãos foi tentar a sorte na Itália – faz anos que não tem contato com ele. Seu irmão mais novo trabalha numa empresa que paga seus estudos. Ele é caminhoneiro desde os quinze anos, costumava viajar com seu pai, também caminhoneiro. Gosta dessa vida, apesar de ser cansativa.

Perguntei a todos os caminhoneiros que conheci se gostavam do seu trabalho. E todos responderam que sim, e se orgulhavam de conhecer o país quase por inteiro. Walter parou num posto na entrada de Córdoba. Nos despedimos e tomamos um ônibus até o centro.

Encontramos o albergue que um amigo tinha me indicado. Deixamos nossas coisas lá, saímos para comer, tomamos um banho e dormimos o bom sono dos cansados, depois de dois dias de caronas quase sem dormir. Mas valeu a pena. Percorremos mais de 1000 km gastando só com alimentação. Vida de mochileiro. Coração de viajante.

 

Esse texto faz parte do livro Viajeros, que foi publicado em posts nesse blog.

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